Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Ver a bandeira de Israel num movimento nazifascita…, por Armando Coelho Neto

Mesmo sem pneus, celulares intergaláticos, proteção de militares, teve loucos, desinformados, nazifascistas, e baratas que aplaudem chinelo

Ver a bandeira de Israel num movimento nazifascita…

por Armando Rodrigues Coelho Neto

Realmente não tem preço. Ver a bandeira de Israel com uma estrela de cinco pontas também não. Saber que Jesus não tem lá grande importância em Israel, hum… Ver às turras pessoas que estiveram na Av. Paulista no domingo passado, tratar o tal país como sendo “tão cristão quanto nós”… Constatar que grande parte das pessoas presentes naquele evento não sabia bem o que estava fazendo lá…

Bem, senhores, volto a insistir que nada tenho contra judeus, que reconheço e aplaudo a contribuição que o povo judeu tem em todos os campos da civilização, sobretudo para o progresso da humanidade é inexorável. Tenho amigos judeus, frequentei festas na principal sinagoga de São Paulo, etc etc. Em tempos de leituras torpes até das sagradas escrituras, tal registro torna-se indispensável.

O evento de 25 de fevereiro é até difícil de definir e ou conceituar, ainda que sem cartazes como determinado pelos organizadores. No fundo, foi um pode ser ou pode ter sido um ato de apoio a um golpe que flopou, a pretensa foto necessária para coagir o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal. Ainda que Recife, Curitiba ou Campinas não caiba dentro da Av. Paulista, para tristeza dos bolsopatas.

Foi um pode ser tudo, até mesmo simples tentativa de entrar em sintonia com extraterrestre; singular reencontro dos que conseguiram fugir no dia 8 de janeiro com os que gostaria de ter estado lá, mas não encontrou patrocinador. Ainda que não tenha havido pneus, celulares intergaláticos, proteção de militares covardes, teve loucos, desinformados, nazifascistas, e, claro, as baratas que aplaudem chinelo.

Atraídas pelo “apito para cachorro”, baratas foram aplaudir chinelo. Durante o desgoverno do inelegível, houve muitos “apitos para cachorro”. Uma deputada federal do PSL-DF encontrou-se, no Brasil, com Beatrix von Storch, deputada extremista da Alemanha e investigada por propagar ideias neonazistas. Ela é neta de Lutz Graf Schwerin, secretário de Finanças de Adolf Hitler.

Esse, porém, não foi o único “apito para cachorro” ou flerte dos nazifascistas com e do desgoverno passado. Assim, melhor explicar esse tal apito, que em inglês chama-se “Dog Shitle”. Por emitir um som especial, apenas os cães conseguem ouvi-lo, já que os ouvidos caninos são capazes de detectar frequências muito mais altas que as captadas pelo ouvido humano. Repita-se, só os cães ouvem!

Simbolicamente, a expressão migrou para a política, onde ganhou sentido de código dirigido a um público específico, no caso, voltado para as células nazifascistas do Brasil, que vem se alastrando pelo país de forma assustadora, sobretudo nos estados da região Sul, conforme constatou a pesquisadora Adriana Dias, conhecida como “Caçadora de Nazistas”. Ela faleceu no ano passado, aos 52 anos.

Adriana descobriu apoio de grupos nazistas ao ex-presidente. Na época, ele era deputado pelo PFL/RJ e teria redigido e assinado uma carta dirigida a um militante extremista de direita, publicada em 2004, no site neonazista Econac, cuja fachada era de combate ao comunismo. Ela também achou fotos e o nome do golpista em páginas nazistas, as quais, após impressas foram derrubadas.

A revista Brasil de Fato registrou outros “apitos” por pessoas ligadas ao golpista. Lembrou que Felipe Martins (Assessor Internacional da Presidência da República), por trás do senador Rodrigo Pacheco, fez um gesto nazista de supremacistas brancos dos Estados Unidos, unindo o dedo polegar ao indicador durante uma transmissão da TV Senado. “Estava arrumando a gravata”, desculpou-se.

Já Roberto Alvim, então secretário especial de Cultura, em janeiro de 2020, copiou citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um discurso para as redes sociais, para divulgar o Prêmio Nacional das Artes. Durante a fala, a música de fundo era de autoria de Richard Wagner, compositor favorito de Adolf Hitler. Acabou sendo demitido, devido a repercussão (Brasil de Fato).

Outro momento registrado pela mesma revista, ocorreu em maio de 2020, quando ex-companheiros de armas do ex-presidente (quando ele era paraquedista das Forças Armadas) foram visitá-lo no Palácio do Planalto. Para saudar o hoje inelegível, estenderam o braço direito para o alto e gritaram “Bolsonaro somos nós”. Teria sido mais um apito para cachorro voltado à comunidade nazista do Brasil.

Tem mais. Na simbologia dos nazistas está o leite – seria a máxima representação dos supremacistas, visto que, pela teoria os brancos são mais resistentes à lactose, detalhe esse do qual os racistas se apropriaram para provar sua superioridade racial, ainda que não encontre amparo na ciência. Pois bem, o ex-presidente e dois asseclas, em transmissão ao vivo, resolveram mandar recados aos cães nazistas.

Nesses casos, a Comunidade Judaica reagiu com censura. No entanto, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, agradeceu a presença da bandeira de seu pais num evento apoiado por fascistas e nazistas. É de se concluir que o repúdio ao holocausto tem razões que a própria razão desconhece, e que o “lembrar para não esquecer” se esvai sob as bombas e o mar de sangue na Faixa de Gaza.

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

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